A seletividade alimentar é um fenômeno comum tanto em crianças com desenvolvimento típico quanto naquelas com condições neuro diversas, como o transtorno do espectro autista (TEA). Este comportamento, muitas vezes desafiador para os pais e cuidadores, merece uma análise cuidadosa para implementar estratégias eficazes de intervenção que promovam hábitos alimentares saudáveis. A seletividade alimentar refere-se à preferência a uma dieta limitada, muitas vezes constituída por um grupo reduzido de alimentos, e é particularmente prevalente durante a infância. Essa seletividade pode se manifestar de várias formas, como a rejeição de determinados grupos de alimentos ou a insistência em comer repetidamente os mesmos itens alimentares. Seletividade em crianças neurotípicas: Fase de desenvolvimento normal: em crianças neurotípicas, a seletividade alimentar geralmente se manifesta entre 2 e 6 anos de idade, coincidindo com um estágio de desenvolvimento onde a individualidade e independência começam a emergir. Esta fase é muitas vezes marcada por um comportamento alimentar incerto chamado de "neofobia alimentar", onde a criança mostra resistência em experimentar novos alimentos. Superação comum: na maioria das vezes, a seletividade alimentar em crianças típicas é uma fase transitória que tende a diminuir à medida que a criança se expõe a uma dieta mais diversa. Seletividade em crianças com TEA: Sensibilidade sensorial aumentada: crianças no espectro autista frequentemente demonstram seletividade alimentar devido à sensibilidade aumentada a certas texturas, sabores, cheiros e até mesmo cores dos alimentos. Rotinas alimentares rígidas: a insistência em seguir padrões alimentares específicos pode refletir a necessidade de previsibilidade e controle comuns em indivíduos com TEA. Intervenção necessária: ao contrário de crianças neurotípicas, que geralmente passam por essa fase naturalmente, crianças com TEA podem precisar de intervenções estruturadas para expandir gradualmente suas preferências alimentares. Estratégias para abordar a seletividade alimentar: Introdução gradual de novos alimentos: comece misturando pequenas quantidades de novos alimentos aos favoritos. A exposição repetida, em um contexto positivo, pode ajudar a reduzir a resistência. Ambiente alimentar positivo: mantenha as refeições calmas e divertidas, evitando pressões excessivas ou recompensas pelo consumo de novos alimentos. Inclusão da criança no processo: envolver a criança no planejamento e preparação das refeições pode aumentar seu interesse em experimentar novos alimentos. Consultas profissionais: fonoaudiólogos, nutricionistas e terapeutas ocupacionais podem oferecer estratégias especializadas, alinhadas às necessidades individuais da criança. Cada criança, seja neurotípica ou neurodiversa, possui um conjunto único de experiências sensoriais e comportamentais que influenciam seu comportamento alimentar. Com paciência e suporte adequado, é possível promover uma dieta equilibrada que respeite as preferências individuais ao mesmo tempo em que expande gradualmente as opções alimentares. A compreensão profunda das causas e manifestações da seletividade alimentar pode capacitar pais e profissionais a apoiar melhor as crianças em seu desenvolvimento nutricional e social, promovendo um ambiente acolhedor e estimulante. #SeletividadeAlimentar #DesenvolvimentoInfantil #NutriçãoInfantil #Autismo
Patricia Caravetti
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